PERSONALIDADES DO MURO
- Página inicial
- /
- Personalidades do Muro
- /
- Extensão
- /
- Abdias do Nascimento
Abdias do Nascimento

Abdias do Nascimento nasceu em Franca, no dia 14 de março de 1914. Foi poeta, ator, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras.
Embora de família pobre – filho de José Ferreira do Nascimento, músico e sapateiro conhecido como Seu Bem-Bem, e de Georgina Ferreira do Nascimento, a doceira da cidade, conhecida como Dona Josina–, estudou Contabilidade e, mais tarde, Economia e Sociologia. Em sua primeira experiência profissional na área de contabilidade, ao ser contratado para trabalhar na administração de uma fazenda em Franca, Abdias sofreu racismo por parte dos seus empregadores e abandonou o emprego.
Jovem, alistou-se no exército e foi morar na capital paulista. Nessa época, Abdias ficou amigo de Sebastião Rodrigues Alves, negro como ele. Certa feita, no cabaré Danúbio Azul, foram proibidos de dançar por serem negros. Sebastião então sacou uma arma e ordenou que a banda tocasse para que seu amigo Abdias dançasse. Enfrentavam, assim, o racismo de cada dia. Um pouco depois, Abdias se integraria ao movimento da Frente Negra Brasileira (FNB), que realizava protestos em locais públicos e trabalhava para integrar o negro brasileiro à sociedade. Em 1936, desligou-se do Exército e passou a ser perseguido pela polícia de São Paulo em razão de sua atuação na FNB. Resolveu, então, partir para o Rio de Janeiro.
Com o golpe militar de 1964, a militância negra enfrentou forte repressão, levando Abdias a buscar exílio nos Estados Unidos, onde viveria por quase 13 anos militando pelo movimento pan-africanista. Em 1968, foi professor na Universidade do Estado de Nova York, fundando a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo. Atuou também como conferencista visitante na Escola de Artes Dramáticas da Universidade Yale e foi professor convidado do departamento de Línguas e Literaturas Africanas da Universidade de Ifé, na Nigéria.
Considerado um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil e no mundo, fundou entidades pioneiras como o Teatro Experimental do Negro (TEN), o Museu da Arte Negra (MAN) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO). Foi idealizador do Memorial Zumbi e do Movimento Negro Unificado (MNU) e atuou em movimentos nacionais e internacionais como a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Frente Negra Brasileira.
Após a volta do exílio, em 1978, inseriu-se na vida política (foi deputado federal de 1983 a 1987, e senador de 1997 a 1999, assumindo a vaga após a morte de Darcy Ribeiro). Propôs o feriado do dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, aniversário de morte de Zumbi dos Palmares. A repercussão de seu trabalho pelo movimento negro rendeu duas tentativas de indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, em 2004 e em 2009, além de uma série de homenagens no Brasil e no exterior.
Faleceu no dia 23 de maio de 2011.