
A pesquisadora Cássia Gabriele Dias, pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Recursos Hídricos (POSMARH) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), acaba de publicar um importante artigo na renomada revista Science of the Total Environment.
O artigo “Breaking new ground: First AquaCrop calibration and climate change impact assessment on Arabica coffee” representa um marco na modelagem agrícola para o café Arábica em cenários de mudanças climáticas.
A pesquisa, fruto da tese de doutorado da Cássia Dias, foi orientada pela Profª Fabrina Bolzan Martins do Instituto de Recursos Naturais (IRN da UNIFEI) e por Minella Martins, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com colaboração do pesquisador Javier Tomasella (INPE).
O estudo se destaca por adaptar, pela primeira vez, o modelo AquaCrop, que é uma ferramenta desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (sigla em inglês FAO), a uma cultura perene: o café Arábica. O estudo apresenta a primeira calibração e validação oficial do modelo para essa cultura e analisa detalhadamente os possíveis impactos das mudanças climáticas sobre as plantações brasileiras de café Arábica.
O estudo possui enorme relevância científica e tem contribuições práticas importantes para o planejamento agrícola, especialmente em um momento em que o setor enfrenta desafios crescentes impostos pela variabilidade climática e eventos extremos.
O café é a terceira bebida mais consumida no mundo, movimentando mais de US$ 200 bilhões por ano e gerando emprego para cerca de 100 milhões de famílias globalmente. O Brasil lidera a produção e exportação mundial, com destaque para os estados de Minas Gerais e São Paulo, responsáveis por aproximadamente 85% da produção nacional de café arábica. Essas regiões, além de estratégicas para a cafeicultura brasileira, são particularmente sensíveis às mudanças climáticas, com projeções de aumento de temperatura superiores a 4 °C, além de padrões heterogêneos de precipitação e umidade.
Segundo o artigo, a produtividade do café arábica é altamente sensível às variações climáticas, o que exige ferramentas de planejamento agrícola. Uma dessas ferramentas é o modelo AquaCrop, que permite simular e projetar a produtividade em diferentes cenários climáticos.
Diante desse contexto, os autores destacam que o conhecimento prévio dos impactos das mudanças climáticas, principalmente na produtividade e na duração do ciclo do café Arábica, é um diferencial estratégico para os cafeicultores. Essa compreensão permite realizar um planejamento mais eficiente das safras, tomar decisões mais assertivas e construir uma cadeia produtiva mais resiliente frente aos desafios climáticos.
Os estudos realizados pela Drª Cássia Dias e pela Profª Fabrina Bolzan Martins vêm ganhando visibilidade no cenário internacional, sendo matéria de capa da revista The Economist, em uma reportagem que discutiu o papel da ciência na preservação do café frente à crise climática global (https://www.economist.com/science-and-technology/2024/01/23/can-scientists-save-your-morning-cup-of-coffee).
O artigo contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A publicação está alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que ampara as ações contra a mudança global do clima.
A pesquisa está disponível no site da STOTEN e pode ser conferida por meio do link: https://authors.elsevier.com/c/1kxZQB8cd469t