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Projeto de extensão da UNIFEI realiza caravana por três comunidades quilombolas da bacia do Rio Doce

João Lucas da Silva, professor e pesquisador do OCDOCE, em uma das rodas de conversa do DRP na comunidade de São Félix.
Sistematização das informações do território coletadas por meio do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP).
Sistematização das informações do território coletadas por meio do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP).
Moradores da comunidade dos Jorges reunidos para uma roda de conversa do DRP.
Alguns dos moradores da comunidade quilombola dos Jorges.
DRP na comunidade do Indaiá.

 

 Uma caravana composta por pesquisadores e pesquisadoras do Observatório de Conflitos Rurais do Alto e Médio Rio Doce (OCDOCE) e da Federação Quilombola de Minas Gerais (N’GOLO) realizaram um trabalho de campo em três comunidades quilombolas localizadas em municípios da bacia do Rio Doce.

 Nessa atividade, participaram os professores da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), no campus de Itabira, Leonardo Ferreira Reis, do Instituto de Ciências Puras e Aplicadas (ICPA), e João Lucas da Silva, do Instituto de Ciências Tecnológicas (ICT), pesquisadores do OCDOCE.

 A caravana esteve nas comunidades dos Jorges, São Félix e Indaiá, localizadas, respectivamente, nos municípios mineiros de Peçanha, Cantagalo e Antônio Dias, para realizar ações referentes a dois dos projetos do OCDOCE: Reconhecimento do território e certificação quilombola para garantia de direitos e Agroecologia e automação de sistemas de irrigação em comunidades quilombolas.

Reconhecimento

 O reconhecimento do território busca levantar uma discussão nas comunidades sobre territorialidade, direitos e políticas públicas, por meio de metodologias participativas, para compreender as demandas de cada comunidade. O principal método aplicado durante esse trabalho de campo é o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), por meio do qual os estudantes e pesquisadores realizam intervenções junto aos quilombolas para contextualizar os territórios.

 Uma das intervenções realizadas foi a caminhada guiada pela comunidade. Os pesquisadores foram conduzidos por pessoas de diferentes idades e experiências em um trajeto predeterminado pelos moradores, registrando elementos materiais e imateriais que caracterizam a comunidade.

 Outra metodologia foi a roda de conversa com um número maior de moradores convidados, que se configurou como um espaço de discussão orientada por perguntas e temas geradores sobre história da comunidade, organização socioprodutiva e conflitos territoriais, entre outras questões.

 Os dados coletados e sistematizados em quadros ou cartazes para fácil visualização dos envolvidos contribuem para a formação de um acervo de informações sobre as comunidades visitadas pelo OCDOCE.

Agroecologia

 O projeto de Agroecologia trata da instalação de cinco sistemas de gestão hídrica e energética para fomentar o cultivo agroecológico, possibilitando o aumento da geração de renda e a soberania alimentar das comunidades, a partir do desenvolvimento de sistemas de irrigação automatizados com geração de energia fotovoltaica acionados via celular, conciliando os saberes tradicionais dos territórios com a tecnologia desenvolvida pela Universidade.

 Por meio dessa ação, buscou-se discutir a definição da área dedicada ao cultivo e o local de instalação de equipamentos. Também foram escolhidas quais pessoas das comunidades estariam inseridas na execução de cada etapa do projeto, articulando-se com jovens que têm facilidade ou interesse em aprender a desenvolver e operar esses sistemas, com pessoas que possuem conhecimentos sobre eletricidade para atuar na instalação e com os agricultores que detêm os conhecimentos ligados ao cultivo, visando promover uma gestão autônoma dos sistemas.

Papel social

 Segundo os professores da UNIFEI Leonardo Reis e João Lucas, o foco da atuação do OCDOCE é consolidar-se como uma referência dentro da universidade pública às comunidades quilombolas e suas organizações, como a N´GOLO, a Comissão de Comunidades Quilombolas do Rio Doce e a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ).

 João Lucas entende que é necessário romper com a lógica de que o conhecimento está apenas na universidade, pois existe um conhecimento orgânico muito potente nas periferias, comunidades rurais e tradicionais, que têm origem em suas vivências, às quais os saberes acadêmicos, na maioria das vezes, não se conectam. Para ele, é preciso dar espaço e valor e dialogar com esses conhecimentos tradicionais, o que se faz estando inserido no território.

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