


Quatro jovens engenheiros, integrantes da equipe Ogrobots, embarcaram no final de janeiro deste ano rumo à China, levando 110 quilos de um robô que custou cerca de R$ 70 mil, para participar da competição denominada Clash Bots, transmitida para todo o mundo desde março, por meio da plataforma iQiyi. Em seu último episódio apresentado no dia 21 de junho, a equipe brasileira venceu a equipe chinesa Toxic Fangs.
A Ogrobots é uma equipe de robótica com sede em Sorocaba – SP que trabalha no projeto, desenvolvimento e construção de robôs de combate, os quais disputam prêmios nacionais e internacionais de desafios de robótica em diversas categorias. Formada por ex-membros de uma das maiores equipes universitárias de combate de robôs do Brasil, a Uai!rrior, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), a Ogrobots foi criada em 2013.
Renan Rosa Martines, de 27 anos, fundador da equipe, é engenheiro de Controle e Automação, e atua como capitão, piloto e na Divisão de Eletrônica da equipe. Formado pela Unifei, com Especialização em Mecatrônica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele trabalha em projetos relacionados a automação e robótica no Brasil e nos Estados Unidos desde 2009.
Além de Renan, compõem a equipe: Murilo Marin, de 26 anos, engenheiro mecânico, que é piloto da equipe; Filipi Balestra, de 25 anos, engenheiro mecânico, que é o copiloto; Expedito Barros, de 27 anos, engenheiro de controle e automação, e também Helton Franco, de 26 anos, engenheiro de computação.
Na prateleira de troféus da Ogrobots, além de todo histórico que ela carrega com a experiência em Combate de Robôs desde 2009, em sua curta trajetória, já foram conquistadas as seguintes premiações: Buga, 2º Lugar Brasil (2014), e Bugalele, 2º Lugar Brasil (2016) e 3º Lugar Mundial (2017).
Com a conquista do pódio em um campeonato mundial em 2017, a equipe ganhou um destaque no cenário global, o que a levou a receber o convite para participar da competição no estilo reality show em uma das maiores emissoras de televisão da China, a iQiyi, canal de entretenimento online parceiro da Netflix, com uma audiência média de 500 milhões de espectadores.
A competição na China
Na competição da China, os membros da Ogrobots foram convidados a projetar e construir um robô da categoria Peso Pesado, de 110 kg. A equipe aceitou o desafio e foi representar o Brasil no maior evento de Combate de Robôs já promovido na Ásia. Ele foi realizado nos mesmos moldes da Battlebots, famosa competição do canal americano ABC, e que hoje é destaque em todo o mundo, inclusive no Brasil, por meio do canal Discovery Turbo.
O show começou com 35 robôs, que fizeram lutas classificatórias, sendo 21 chineses e 14 estrangeiros, de países como Estados Unidos, Inglaterra e Rússia, e a Ogrobots foi a única equipe brasileira e da América do Sul que esteve presente no evento. Sua participação na competição foi dividida em várias etapas de acordo com as lutas classificatórias, sendo cada uma com duração estimada de uma semana. Como os membros da equipe não puderam participar de todas as etapas, alguns amigos também da Unifei e ex-membros da Uai!rrior ajudaram os competidores, como Felipe Cagnani, Gustavo Benício e Vinícius Su Pei Cheny.
A emissora chinesa arcou com todos os custos da equipe além do oferecimento de premiação em dinheiro para os primeiros colocados no evento. Para o projeto e fabricação do robô peso pesado da Ogrobots, nomeado Dark Wolf, ou Heilang, um monstro lendário chinês, foram investidos cerca de R$ 70 mil em componentes e custos de fabricação, sendo utilizado o que há de melhor no mundo para projetos deste tipo, além de toda a experiência de quase 10 anos de competição que a equipe possui.
Segundo Renan Martines, a participação no evento foi um desafio a mais para a equipe. “Tivemos um prazo de apenas 40 dias para projetar, fabricar e montar o robô. Um projeto deste tamanho demanda, ao menos, três meses em um ritmo normal. Nossa equipe cumpriu a meta em 38 dias”, explicou.
Para o copiloto da equipe Filipi Balestra, outro grande desafio foram as viagens para um país tão distante. “Voar para o outro lado do mundo, para um país com a cultura totalmente diferente da nossa, com clima, comida e pessoas diferentes, e ainda mais, ir e voltar seis vezes para as gravações, que começaram em fevereiro e terminaram agora em maio, foi uma experiência única e muito enriquecedora”, contou.
Filipi disse também que as expectativas para a equipe agora são grandes, e que sonham em participar também do reality show Battlebots. Além disso, o membro incentivou os alunos da Unifei que querem seguir caminho nas competições de lutas de robôs. “Nós nunca imaginávamos que um dia iríamos competir na China e, ainda por cima, ser campeões mundiais lá. Os alunos podem ver isso como um incentivo ou uma força a mais para correr atrás dos objetivos e sonhos. Caso queiram começar a participar das competições, ficaremos muito felizes em ver o esporte crescer e em ajudá-los de qualquer maneira”, disse ele.
No último episódio do reality show, em 21 de junho, a equipe brasileira venceu a equipe chinesa Toxic Fangs. No início da competição, quatro celebridades famosas da China, Angelababy, Li Chen, Lin Gengxin e Sheng Yilun, assistiram às lutas e votaram se escolheriam ou não o robô campeão para seus times. Vitorioso, o robô brasileiro recebeu votos dos quatro jurados em uma das batalhas e se destacou até o último momento, vencendo nove de suas 12 lutas.
Ao fim de todas as etapas, a Ogrobots conquistou o primeiro lugar, o título de “robô mais destrutivo” e ainda o equivalente a ¥ 1 milhão e 50 mil, valor que, convertido na moeda brasileira, sem impostos, equivale a R$ 420 mil.
Para mais detalhes sobre a participação da equipe na competição e para saber mais sobre a Ogrobots, os interessados devem acessar o link: https://www.facebook.com/ogrobots.